A Comunicação como Cultura
Trata-se aqui, segundo Lima (2001), da comunicação com significação oposta ao polo da transmissão, isto é, como compartilhamento, como cultura. Em contraposição aos modelos behaviorista, busca-se a compreensão (e não a formulação de leis) das representações e práticas culturais que expressam os valores e significados construídos na relação entre a mídia e as demais instituições da sociedade urbana contemporânea.
por Aneri Pistolato
Trata-se aqui, segundo Lima (2001), da comunicação com significação oposta ao polo da transmissão, isto é, como compartilhamento, como cultura. Em contraposição aos modelos behaviorista, busca-se a compreensão (e não a formulação de leis) das representações e práticas culturais que expressam os valores e significados construídos na relação entre a mídia e as demais instituições da sociedade urbana contemporânea.
Agregam-se a este modelo os
estudos sobre as condições de recepção
das mensagens e sobre os usos e
gratificações gerados pelo consumo das mensagens.
A hipótese dos usos e gratificações trata de uma abordagem atenta aos
aspectos individuais, pois está voltada aos processos subjetivos de
gratificação das necessidades, suas variáveis fundamentais representam-se da
seguinte forma:
1. Necessidades
humanas fundamentais em nível biológico e psicológico.
Em
interação com
2. Diversas
combinações de características intra-individuais e extra individuais.
Em
interação com
3. Estrutura
social, estando nela incluída a estrutura dos sistemas dos meios de comunicação
de massa.
Dão
lugar a
4. Diferentes
combinações de problemas que o individuo percebe com mais ou menos força
E
também dão lugar a
5. Possíveis
soluções para tais problemas
A
combinação de problemas e de soluções relativas dá forma a
6. Motivos
para realizar comportamento de gratificação das necessidades e/ou soluções dos
problemas
que
se tornam
7. Modelos
diferenciados de consumo dos meios de comunicação de massa.
E em
8. Modelos
diferenciados de outros tipos de comportamento social.
Essas
duas categorias fornecem
9. Modelos
diversos de gratificação ou não gratificação
Que
influenciam
10. A
combinação especifica de características intra-individuais e extra individuais.
Assim
como, em ultima instancia, também influenciam.
11. A
estrutura do sistema dos meios de comunicação de massa e as outras estruturas
(cultura, politica, economia) a sociedade.
Assim o efeito da
comunicação de massa é compreendido como consequência das gratificações às
necessidades experimentadas pelo receptor: os meios de comunicação de massa são
eficazes se o receptor lhe atribui essa eficácia e em que medida, com base
justamente na gratificação das necessidades.
O consumidor é visto como
ativo e construtor das mediações culturais.
Segundo Defleur, a percepção das consequências das diferenças individuais e da diferenciação
social, quanto a comportamento relacionado com as comunicações de massa,
conduziu a essa nova perspectiva sobre a relação entre a mídia e a audiência, a
perspectiva dos usos e gratificações.
Foi uma mudança de visão da audiência como passiva para a percepção de seus
membros serem ativos na escolha de
conteúdo e mensagens preferidos da mídia. Teorias anteriores, como a da Bala Mágica, consideravam a audiência como
relativamente inerte, aguardando
passivamente a mídia transmitir informações que eram então percebidas,
recordadas e utilizadas uniformemente. Uma vez esclarecido o papel poderoso das
variáveis cognitivas e subculturas, não foi possível conceituar audiências
dessa maneira.
Culturalstudies (Wolf e Matterlart)
A teoria da mídia conhecida
por estudos culturais surgiu entre meados dos anos 1950 e os primeiros anos da
década de 60 na Inglaterra, em torno do Centro de Estudos Culturais
Contemporâneos de Birmingham.
Os estudos culturais
analisam uma forma especifica de processo social, relativa a atribuição de
sentido a realidade, ao desenvolvimento de uma cultura de praticas sociais
compartilhadas, de uma área comum de significados.
O problema fundamental da
abordagem dos estudos culturais é analisar
tanto a especificidade das diversas práticas de produção cultural, quanto as
formas do sistema articulado e global a que estas praticas dão vida (HALL,
1980).
Segundo Mattelart a
originalidade da problemática dos estudos culturais consistiu em reunir grupos
de trabalho em torno de diferentes áreas de pesquisa (etnografia, media studies, teorias da
linguagem e subjetividade, literatura e sociedade, por exemplo) e vincular seus
trabalhos a questões suscitadas por
movimentos sociais, em especial o feminismo.
Em seu artigo Codificação/Decodificação
publicado na revista Da Diáspora: identidades e mediações culturais, Stuart Hall analisa o processo de comunicação televisiva segundo quatro
momentos distintos: produção, circulação, distribuição/consumo, reprodução. A
audiência é ao mesmo tempo receptor e fonte da mensagem, pois os esquemas de
produção, momento de codificação, respondem as imagens que a instituição
televisiva se faz da audiência e a códigos profissionais.
Do lado da audiência, a análise de Hall definiu três tipos de
decodificação:
Dominante: modos de ver hegemônicos, que
aparecem como naturais, legítimos, inevitáveis, o senso comum de uma ordem
social e de um universo profissional
Oposicional: interpreta a mensagem sob um
quadro de referencia contrario (por exemplo: a noticia na tv de um prédio da
prefeitura pegando fogo sendo aplaudido por mendigos, ex-presidiários, e outros
grupos discriminados pela sociedade).
Negociado: mescla de elementos de oposição
e adaptação, um misto de logicas contraditórias que subscreve em parte os
valores dominantes, mas busca argumentos de refutação de definições geralmente
aceitas.
Etnografiadas audiências (Mattelart)
A mudança da perspectiva de análise de
uma mídia ativa para um receptor ativo deslocou o foco de atenção dos estudos
sobre os meios de comunicação. Nesse contexto, o olhar
relativista da antropologia passou a ser um auxilio importante e o recurso da
transdisciplinaridade, presente na relação entre essas duas áreas de
conhecimento, comunicação e
antropologia, abriu caminho para se pensar a desconstrução de modelos
analíticos macros, que engessam explicações e entendimentos de significados
culturais e relações micro-sociais.
A etnografia da audiência é um método de
pesquisa que tem como interesse as pesquisas de recepção das mensagens da
mídia. Em especial no Brasil, o impacto social e as representações sociais
geradas pelas telenovelas.
Estuda-se
a recepção das telenovelas na busca dos significados que a audiência constrói e
que nem sempre coincidem com aqueles pretendidos pelos seus produtores ou com
os significados identificados por críticos e analistas.
No
capitulo Retorno ao Cotidiano da Historias das Teorias da Comunicação,
Matterlart trata do movimento intersubjetivo, onde as correntes da sociologia
interpretativa (interacionismo simbólico, etnometodoliga) aprofundaram-se nos estudos sobre as coações sociais exteriores
ao individuo e consagradoras do primado da sociedade sobre o sujeito.
A
etnometodologia estudou o raciocínio
pratico do senso comum em situações comuns da ação. O trabalho do etnometodologo é identificar as
operações pelas quais as pessoas se dão conta e dão conta do que elas próprias
são e do que fazem em situações do dia-a-dia e em variados contextos de
interações.
A
etnometodologia é influenciada pela teoria
dos atos da fala, que reabilita a
condição de ator do discurso o sujeito excluído do jogo estrutural dos signos.
O usuário/sujeito é um determinante-chave da linguagem. O jogo de linguagem é
essa linguagem em uso da interação
social.
O interacionismo simbólico adota como
objetivo o estudo da interpretação, por parte dos atores, dos símbolos nascidos
de suas atividades interpretativas. O método se baseia em 3 premissas:
1.
Os seres humanos agem em relação as coisas
com base nas significações que elas
tem para eles
2.
A significação dessas coisas surge da interação social de um individuo com os
outros atores
3.
Essas significações são utilizadas em um processo de interpretação realizado
pelo individuo em relação com as coisas que ele encontra.
Bibliografia Básica:
MELVIN,
L. Defleur; SANDRA, Ball-Rokeach. Teorias
da comunicação de massa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.
MATTELART,Armand &
MATTELART, Michèle. História das teorias
da comunicação. São Paulo: Loyola,1999.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Lisboa: Presença, 2001.
Bibliografia de Referência:
LIMA, Venício A. de. Mídia: Teoria e Política. São Paulo:
Editora Perseu Abramo, 2001.
Outras informações interessantes estão disponíveis no blog da Egency
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