Ex: o destaque elas dão aos serviços e produtos do sistema
comercial e industrial, fazem parte central da instituição econômica. Com seu crescente papel no processo eleitoral, seu emprego em
várias audiências e com o destaque que dão a atuação do governo nos noticiários, os veículos de comunicação de
massa tornaram-se parte significativa da instituição política. Com o grande destaque que dão ao lazer e as culturas populares, grande
parte do que é consumido como divertimento no lar, elas são indisputavelmente
importante fator na instituição familiar. Para
muitos, o sacerdócio eletrônico
virou parte expressiva da instituição religiosa. Em grau limitado, são também parte da instituição
educacional. A mídia, em
suma, penetrou a sociedade americana até seu cerne institucional.
O estilo norte-americano
de vida, como conhecemos hoje em dia, não seria possível sem a comunicação de
massa.
Segundo Defleur os veículos sobreviverão como um sistema
porque funções importantes estão
sendo proporcionadas à sociedade como um todo. O que se deve concluir do
exposto é que alterações e tendências individuais dentro de um determinado
veiculo são relativamente sem importância nessa perspectiva do sistema. Se os
jornais se tornarão mais ou menos populares, se a rede de televisão aumenta ou
declina, ou se o rádio AM desaparece em favor do FM, as funções correlatas dos
veículos permanecerão sendo servidas de uma ou outra maneira. Ainda que algum veículo totalmente novo
viesse a ser inventado de repente e tivesse lugar em nossas casas, nosso
sistema global de mídia sobreviveria de modo mais ou menos estável porque as
funções a que ele atende ainda continuariam de pé.
A ênfase aqui não é no individuo, mas no sistema de mídia como um todo, e em seu relacionamento com a
sociedade ampla onde opera. Encarar os veículos de massa como um sistema social integrado por várias
componentes, funcionando dentro do sistema social mais lato, exige
hipóteses muito diferentes e uma forma peculiar de análise. Assim agindo,
contudo, características importantes dos veículos, tal como funcionam na
sociedade norte-americana, podem ser melhor compreendidas.
Para Defleur, é a este
tipo de moldura que se deve apelar
para entender questões tais como a organização,
estabilidade ou mudanças das indústrias de comunicação em nossa sociedade, e não
influencias psicológicas exercidas nos indivíduos. Especificamente, na analise
a seguir a ênfase incidirá na estabilidade do sistema de mídia norte-americano,
e a perspectiva básica será o paradigma funcional estrutural.
Segundo Defleur um dos
debates relacionados com sistemas de comunicação de massas é a capacidade da mídia para sobreviver em
uma sociedade durante períodos prolongados. Esse fenômeno não é difícil de
entender em uma sociedade autoritária, onde o governo opera os veículos com
fins de controlar o fluxo de informação, modelando a opinião pública e
proporcionando interpretações coletivas aprovadas. Sociedades assim precisam da mídia para manter
aquiescência e o apoio das populações.
Em uma sociedade democrática, onde o governo
desempenha papel limitado, a estabilidade e a sobrevivência contínua dos sistemas de mídia são bem menos fáceis de
explicar. Isso é particularmente verídico em sociedade como a do EUA, onde elites reconhecidas regularmente condenam os veículos por terem mau gosto,
ou até por serem declaradamente perigosos. Regularmente, as comunicações de
massa são acusadas de ser o fato que estimula
o crime, excessos sexuais, a piora da capacidade intelectual, e erosão
generalizada dos padrões morais da sociedade.
A questão da cultura elitista versus
cultura popular ou de massa tem
eventualmente provocado debates nos mais altos círculos políticos,
educacionais, religiosos e legais da nação. O fato é, entretanto, que os
veículos de massa norte-americanos, não importa quão freqüente sejam
criticados, denunciados ou atacados, continuam a destacar apresentações não
artificiosas, cultura popular e conteúdo de mau gosto. A questão é saber por
que isso ocorre, e como tal preferência continua a contribuir para a
estabilidade desse sistema nacional de comunicação de massa. Para formular
estas perguntas em perspectiva, o autor apela para o paradigma estrutural
funcional. Mostra que a mídia na
sociedade norte-americana constitui um sistema profundamente institucionalizado
que atende a necessidades críticas da sociedade. Por tal razão, não pode
ser facilmente modificado de qualquer maneira expressiva.
A
longa historia do problema.
O tema “o divertimento
popular é nocivo às mentes dos jovens” tem sido constante desde o inicio da
comunicação de massa. Devido à insistência em apoiar tais acusações em dados
científicos e não em emoções, eles as vezes se encontram na posição contrafeita
de parecer defender a mídia quando de fato apenas estão se recusando a aceitar
as alegações inadequadamente sustentadas dos críticos. A maioria dos escritores
norte-americanos do século XIX, a certa altura de suas carreiras ocuparam seu
tempo criticando e condenando os jornais por superficialidade e distorção.
2. Elementos
básicos da análise funcional.
A análise do paradigma
estrutural funcional começa encarando a mídia como sistemas sociais que
funcionam dentro de um sistema externo específico: o conjunto de condições
sociais e culturais que é a própria sociedade norte-americana. Sob certos
aspectos, esse surto de interesse pela análise dos fenômenos sociais que
ocorrem nos limites de sistemas sociais representa uma renovação de interesse
pelas estratégias teóricas do passado, tais como as de Spencer, Tönnies e
Durkheim.
A
análise funcional estrutural de sistemas sociais interessa-se pelos padrões de
ação revelados por indivíduos ou subgrupos que se relacionam uns com os outros
dentro de tais sistemas.
Um sistema social, por tal razão, é uma abstração,
mas não por demais afastada dos comportamentos observáveis e empiricamente
verificáveis das pessoas que estão realizando a ação. O sistema social, pois, é
um complexo de ações estáveis,
capazes de serem repetidas e padronizadas, que são em parte
manifestação da cultura compartilhada pelos atores e em parte manifestação das
orientações psicológicas dos atores (que por sua vez, provém desta cultura). O sistema cultural, o sistema social e os sistemas
de personalidade (dos atores individualmente), por conseguinte, são
diferentes tipos de abstrações a partir dos mesmos dados fundamentais, ou seja,
os comportamentos ostensivo e simbólico dos seres humanos individuais. Eles são
igualmente abstrações legítimas, cada uma proporcionando por direito próprio,
uma base para vários gêneros de explicações e predições. Falando de maneira
geral, pode ser difícil ou quase impossível analisar ou compreender plenamente
uma abstração assim sem alguma referencia a outras.
Admitido, contudo, a
expressão “sistema social” sendo uma abstração científica legítima, como esta
estratégia conceitual geral ajuda a entender os veículos de massa?
Uma das idéias mais
relevantes é o conceito da “função” de
alguns fenômenos repetitivos
(conjunto de ações) dentro de um sistema assim. O fato de a produção e
distribuição contínua do conteúdo de “mídia” em gosto cultural “baixo” ter
sobrevivido longamente às zombarias de críticos influentes foi considerado merecedor
de explicação. Uma forma de explicar será proporcionada ao se notar a função de um fenômeno assim repetitivo
dentro de um sistema de ação estável. O termo “função”, neste contexto, quer
dizer pouco mais do que “conseqüência”. Para esclarecer rapidamente,
podemos formular a hipótese de que a prática repetitiva de usar alianças por um
casal casado tem a função (conseqüência) de lembrar-lhes, tanto quanto aos
outros, que os dois estão unidos pelas obrigações e vínculos implícitos no
matrimonio. Essa prática, por conseguinte, contribui indiretamente para manter a permanência do casamento, a estabilidade desse sistema social em
particular. A pratica é explicada, em certo sentido, ao notar sua
contribuição para o contexto dentro do qual ocorre. Uma comparação de certo
número desses sistemas assim, com e sem este pormenor especifico (mas, sob
outros aspectos semelhantes), comprovaria a afirmativa.
3. Estrutura
e funções do sistema de mídia
Uma análise funcional, por
conseguinte, focaliza algum fenômeno especifico que ocorra dentro dum sistema
social. Esse fenômeno tem conseqüências
que contribuem para a estabilidade e permanência do sistema como um todo. O
fenômeno pode ter influencia negativa e, assim, ter “disfunções” antes do que
“funções”. A análise é uma estratégia para induzir ou localizar hipóteses que
possam ser testadas empiricamente por meio de estudos comparativos ou outros
métodos adequados de pesquisa.
A análise de sistemas
sociais é extremamente difícil. Nenhuma regra específica precisa como localizar
e definir os exatos limites de um dado sistema social, particularmente, se este
for relativamente complexo. Até agora não existem critérios totalmente aceitos
para estabelecer vinculações entre os componentes de um sistema. Uma análise
funcional da contribuição de algum fator para a estabilidade de um sistema,
pois, é um procedimento pouco menos do que rigoroso. A despeito, porém, dessa
fonte potencial de criticas, esta estratégia tem se mostrado útil nas
tentativas para entender fenômenos socais complexos, tais como a mídia de
massa.
O
conteúdo de massa como fenômeno repetitivo (para manter a estabilidade do
sistema social )
Conteúdo
de mau-gosto:
amplamente difundido e assistido pela audiência da massa e que mobiliza a ira
dos críticos.
Exemplos seriam produções sobre crimes
na televisão dando realce a violência, pornografia
declarada da tv a cabo, estações de tv ou filmes, seriados diurnos; revistas de
confissões pessoais; historias em
quadrinhos sobre filmes; musica sugestiva, ou outro conteúdo que seja encarado
em geral como contribuindo para o mau gosto, o rebaixamento da moral, ou o
estimulo a condutas socialmente inaceitáveis.
A
função do conteúdo de mau gosto é manter o equilíbrio financeiro de
um sistema social profundamente institucionalizado que se acha intimamente
integrado no conjunto das instituições norte-americanos.
Conteúdo
não polêmico:
amplamente disseminado e assistido, acerca do qual os críticos pouco falam.
Exemplos seriam boletins meteorológicos
da tv, certo conteúdo dos noticiários,
musica não seja sinfônica nem popular, revistas dedicadas assuntos
especializados, filmes sobre temas sadios e muitos outros. Não se crê que tal conteúdo eleve nem rebaixe o gosto, e não é visto
como uma ameaça aos padrões morais.
Conteúdo
de bom gosto: é amplamente difundido, mas não
necessariamente assistido ou buscado. É o conteúdo que os críticos julgam
de melhor gosto, moralmente estimulante,
educativo ou de certa maneira inspirador. Exemplos seriam musica seria, teatro de alto nível, debates
políticos, filmes de arte, revistas dedicadas a comentário político. Tal
conteúdo é defendido pelos críticos como opostos ao material de mau gosto.
Os
componentes e a limitação do sistema
Audiências: é estratificada, diferenciada e inter-relacionada segundo muitas
formas que os cientistas sociais há anos estudam. Algumas das principais variáveis que exercem um papel para
determinar como esse componente funcionara dentro do sistema são as principais
necessidades e interesses dos membros da audiência, as várias categorias socais nela representadas e
a natureza dos relacionamentos sociais
entre membros dessa audiência.
Organizações
de pesquisa: mensuram a preferência dos veículos, ou
as várias formas de pesquisa de mercado
proporcionam informações aos responsáveis pela escolha às categorias de
conteúdo que serão distribuídas pela audiência.
Distribuidores: o jornal, o teatro, o cinema e a estação de rádio local desempenham a parte mais
imediata na colocação de mensagens perante
as respectivas audiências. Cadeia de jornais, agências distribuidoras, redes de
emissoras, distribuidores de revistas e livros, assim como cadeias de cinemas
passam o conteúdo aos respectivos pontos de venda. A vinculação entre esses
dois subsistemas ocorre em duas mãos de direção. O ponto de venda local
contribui com o dinheiro, e o distribuidor atacadista fornece o conteúdo.
Os
produtores e seus patrocinadores:
o vinculo primordial do produtor é com o financiador e com o distribuidor.
Agencias
de propaganda: veiculam o patrocinador, distribuidor,
produtor e organização de pesquisa através de mensagens publicitárias.
Subsistemas
de controle: poderes legislativos, tanto estadual,
quanto nacional, que elaboram medidas reguladoras.
As
condições externas
Rodeando a estrutura
inteira, como uma condição externa, acham-se as normas gerais da sociedade local atinentes a gosto e moralidade, e as
expressões que encontram na lei escrita, também se encontram as normas e crenças culturais gerais referentes ao
que provavelmente divertirá ou de outra forma gratificará os norte-americanos.
4. Manutenção
da estabilidade do sistema.
O recurso para evitar
alterações espetaculares no comportamento da audiência é proporcionar um
conteúdo de divertimento que satisfaça
e motive o maior numero possível de
componentes que desempenhem seus papeis de acordo com as necessidades do
sistema. Tal conteúdo manterá a estabilidade
do sistema. O ideal, do ponto de vista do sistema, é o conteúdo que capte atenção dos membros da audiência,
convença-os a comprar bens e esteja suficientemente enquadrado nos limites das normas morais e dos padrões de gosto
de forma a não provocar ações desfavoráveis por parte dos componentes
reguladores.
5. A
mídia como agente de socialização
Os veículos de massa, como
fontes de informação, se tornaram uma fonte de definições inescapável,
onipresente e constrangedora sobre como
as pessoas devem comportar-se. Por tal razão, é indispensável que suas influencias a longo prazo sobre o processo
de socialização sejam estudadas.
Teoria
da aprendizagem social ou observacional.
|
Teoria
da modelagem do psicólogo Albert Bandura (1960). Etapas:
|
Como as pessoas adquirem novos
comportamentos?
|
Um indivíduo observa um modelo
|
Modelos de ação reforçados se tornam
“hábitos”
|
Observador identifica-se com o
modelo
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E – R à------------------------àS – R (imitação)
|
O comportamento será funcional se
imitado
|
O individuo reproduz o comportamento
|
|
A satisfação reforça o vinculo E – R
à S – R
|
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Comportamento reproduzido
repetidamente
|
Teoria
da organização social:
|
Teoria
das expectativas sociais: idéias básicas:
|
“O que outras pessoas vão pensar”
|
Normas, papéis, posições e sanções
são retratas pela mídia.
|
Normas: regras gerais seguidas por
todos
|
Podem ter ou não autenticidade.
|
Papéis: especialização de atividades
e interdependência, ex: time de futebol.
|
São enunciados de expectativas
sociais de como é esperado que os membros se comportem.
|
Posição: hierarquia de graduação,
status
|
As pessoas esperarão que os membros
de seu grupo tenham tal comportamento.
|
Sanções: controle social (positivas
ou negativas)
|
Ordem social
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Guias para ação e reação dentro da
sociedade.
|
*Fatos observáveis que
ocorrem entre pessoas em vez de terem lugar no íntimo de seus sistemas nervosos
ou estruturas cognitivas.
Bibliografia Básica:
MELVIN, L. Defleur; SANDRA,
Ball-Rokeach. Teorias da comunicação de
massa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.
MATTELART,Armand & MATTELART,
Michèle. História das teorias da
comunicação. São Paulo: Loyola,1999.
WOLF, Mauro. Teorias da
Comunicação. Lisboa: Presença, 2001.
Bibliografia
de Referência:
LIMA, Venício A. de. Mídia: Teoria e Política. São Paulo:
Editora Perseu Abramo, 2001.
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